8 08UTC maio 08UTC 2011 às 2:33 (1)
Tags: Amor, Anita, Mãe, Olga, Prestes, saudade
Última carta de Olga Benário, escrita às vesperas de sua execução na câmara de gás, na Alemanha de Hitler, para Anita e Carlos Prestes.
“Queridos: Amanhã vou precisar de toda a minha força e de toda a minha vontade. Por isso, não posso pensar nas coisas que me torturam o coração, que são mais caras que a minha própria vida. E por isso me despeço de vocês agora.
É totalmente impossível para mim imaginar, filha querida, que não voltarei a ver-te, que nunca mais voltarei a estreitar-te em meus braços ansiosos. Quisera poder pentear-te, fazer-te as tranças – ah, não, elas foram cortadas. Mas te fica melhor o cabelo solto, um pouco desalinhado. Antes de tudo, vou fazer-te forte. Deves andar de sandálias ou descalça, correr ao ar livre comigo. Sua avó, em princípio, não estará muito de acordo com isso, mas logo nos entenderemos muito bem. Deves respeitá-la e querê-la por toda a tua vida, como o teu pai e eu fazemos. Todas as manhãs faremos ginástica… Vês? Já volto a sonhar, como tantas noites, e esqueço que esta é a minha despedida. E agora, quando penso nisto de novo, a idéia de que nunca mais poderei estreitar teu corpinho cálido é para mim como a morte.
Carlos, querido, amado meu: terei que renunciar para sempre a tudo de bom que me destes? Conformar-me-ia, mesmo se não pudesse ter-te muito próximo, que teus olhos mais uma vez me olhassem. E queria ver teu sorriso. Quero-os a ambos, tanto, tanto. E estou tão agradecida à vida, por ela haver me dado a ambos.
Mas o que eu gostaria era de poder viver um dia feliz, os três juntos, como milhares de vezes imaginei. Será possível que nunca verei o quanto orgulhoso e feliz te sentes por nossa filha? Querida Anita, Meu querido marido, meu garoto: choro debaixo das mantas para que ninguém me ouça pois parece que hoje as forças não conseguem alcançar-me para suportar algo tão terrível.
É precisamente por isso que me esforço para despedir-me de vocês agora, para não ter que fazê-lo nas últimas e difíceis horas. Depois desta noite, quero viver para este futuro tão breve que me resta. De ti aprendi, querido, o quanto significa a força de vontade, especialmente se emana de fontes como as nossas. Lutei pelo justo, pelo bom e pelo melhor do mundo. Prometo-te agora, ao despedir-me, que até o último instante não terão porque se envergonhar de mim.
Quero que me entendam bem: preparar-me para a morte não significa que me renda, mas sim saber fazer-lhe frente quando ela chegue. Mas, no entanto, podem ainda acontecer tantas coisas… Até o último momento manter-me-ei firme e com vontade de viver. Agora vou dormir para ser mais forte amanhã.
Beijos pela última vez. Olga”
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Olga Benário Prestes nasceu de uma família judia em Munique na Alemanha em 12 de fevereiro de 1908. Seu pai Leo Benário era um advogado social democrata e um liberal de idéias avançadas. Sua mãe Eugénie era uma dama da alta sociedade que não apoiava as idéias da filha que, em 1923, aos 15 anos, entrou para a Juventude Comunista.
Em 1925 Olga vai para Berlim onde continua sua militância.
Em 1926 é presa por traição mas liberada poucas semanas depois. Em 1928 lidera uma cinematográfica investida ao tribunal para liberar seu companheiro Otto Braun. Os dois fogem então para Moscou onde Olga é aclamada, faz treinamento militar e carreira no Comintern.
Em 1934 Olga é designada para garantir a chegada segura ao Brasil do líder comunista Luís Carlos Prestes onde lideraria a Intentona Comunista de 1935. Deveriam se passar por marido e mulher para facilitar seu disfarce. Na longa viagem se apaixonam.
Com o fracasso da revolução Olga e Prestes são presos e separados.
Grávida de Prestes, Olga empreende uma grande luta para ter sua filha no Brasil. Mas o governo Vargas como uma vingança pessoal contra Prestes se empenha e Olga, grávida de 7 meses, é deportada para a Alemanha Nazista.
Lá é levada à prisão de mulheres da Gestapo no número 15 da Barnimstrasse.
Na madrugada de 27 de novembro de 1936, exatamente um ano após a fracassada revolução, nasceu Anita Leocádia, um bebê gorducho e saudável.
Leocádia, mãe de Prestes, fazia uma grande campanha na Europa pela libertação de seu filho, sua nora e neta. Por causa disso Olga teve permissão de permanecer com sua filha enquanto pudesse amamentá-la.
Quando Anita tinha 14 meses ela foi retirada de Olga e entregue à avó Leocádia, fato que Olga só soube depois
Em 1938 Olga foi transferida para o campo de concentração de Lichtenburg e em 1939 para Ravensbrück, o único grande campo exclusivo para mulheres._
Lá Olga foi líder de bloco e deu aulas para as outras presas. Em fevereiro de 1942 Olga foi levada com outras 200 prisioneiras para a câmara de gás de Bernburg onde foi executada.
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Fonte das fotos em P&B e texto da biografia de Olga: http://www.jaymemonjardim.com.br/
Fonte: http://fabiopereira.wordpress.com/2011/05/08/ultima-carta-de-olga-benario/
É uma vergonha como este ditador é lembrado como mártir, uma covardia entregar Olga Benário aos nazistas, e depois declarar guerra contra eles um Presidente demagogo que ganhou louros de glória.
GETULIO é um personagem com muitas contradições na História. Mas era um nacionalista, patriota como poucos.
Arrancar um filho dos braços de uma mãe seja ela quem for não existe justificativa. Este Getúlio que foi responsável por colocar o Brasil na guerra, neste Mês de agosto de 2014 É homenageado pelos 60 anos de sua morte.
O povo que desde então é subordinado a estas propagandas nacionalistas mentirosas
aceitam essas histórias de grandes lideres fascistas e nazistas iludindo o povo como se fossem democratas.
Esse Getulio, com todas as contradições e conflitos e criticas, criou a Petrobras, a CSN e a base para um Brasil nacional e para os brasileiros.
Há uma grande diferença: Olga foi assassinada e Getúlio suicidou-se. Olga morreu sem conflito interior “Lutei pelo justo, pelo bom e pelo melhor do mundo” e com um grande amor pela vida “Até o último momento manter-me-ei firme e com vontade de viver”. Um exemplo de humanismo de amor a ser seguido por todos os seres humanos. Getúlio ao contrário, morreu com um grande conflito interior, característica comum a todos os suicidas. Deixou a vida para entrar na história do que há de pior nos seres humanos: acabar com própria vida.
O dia das mães no Brasil deveria ser comemorado no dia 27 de novembro.